terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Derby

Para começar este texto, no qual me vou alongar provavelmente mais que o costume, quero começar por uma definição que utilizamos para descrever os sportinguistas: lagarto.
Sei que alguns, como eu até há poucos anos, pensam que o nome lagarto é dado pura e simplesmente pela cor verde do Sporting. Mas isso não é verdade. Tudo isto começou no primeiro Benfica-Sporting de sempre, realizado a 1 de Dezembro de 1907, no qual devido à chuva, os jogadores do Sporting (com muito melhores condições que os do Benfica, menos endinheirado na altura) abandonaram o campo, quais lagartos que querem é tempo seco e com sol.


Aqui começou uma rivalidade que já foi bonita... Uma rivalidade que levava amigos e famílias aos estádios, para assistirem aos confrontos entre as duas melhores equipas nacionais desse tempo... Uma rivalidade que hoje se transformou em anti-benfiquismo de um dos lados abandonando toda uma história com décadas...


No início da década de 80, na final da Taça de Portugal 1979/80, o Benfica defrontou o Porto e venceu por 1-0. Pinto da Costa e Pedroto nessa altura tinham  tomado o Porto de assalto e começaram a sua guerra aberta aos clubes de Lisboa, ao centralismo... Enfim, tornaram um clube numa máquina de luta contra tudo o que ficasse a Sul das Antas. Resultado: Os adeptos do Sporting (e também do Belenenses) foram ao estádio em massa, apoiar o Benfica, nesta luta que também era deles, contra aquele que viria a destruir o futebol nas três décadas seguintes.





Com o tempo veio o esquecimento, e eis que nos anos 90 o Sporting resolveu aliar-se ao Porto. Como dizem, quando não os conseguimos vencer, juntamo-nos a eles. E foi isso que aconteceu durante a era de Roquette, segundo narra João Rocha, ex-Presidente do Sporting neste excerto de uma entrevista ao Record:


"RECORD – Lembro-me que durante o mandato de José Roquette,você se revoltou com acordos que nunca ficaram esclarecidos, nomeadamente entre o Sporting e o FC Porto. Quer revelar pormenores em relação a isso?
JOÃO ROCHA – Havia um projecto com o FC Porto que era muito prejudicial para o Sporting. Era mesmo inqualificável. Insurgi-me num Conselho Leonino e numa assembleia geral. Era um projecto gravíssimo que só podia sair da cabeça de um indivíduo sem responsabilidades. José Roquette dizia que era um projecto válido, porque era a única maneira de Sporting e FC Porto estarem sempre representados na Liga dos Campeões.

RECORD – Vai concretizar ou continuar a guardar trunfos?
JOÃO ROCHA – Não digo mais nada sobre isso. Foi falado no Conselho Leonino e eu disse ao líder da AG para mandar calar sobre essa informação, que foi longe demais. Disse-lhe ainda que o resumo do acordo com o FC Porto devia ser gravado de tão grave que era, porque talvez fosse necessário que essa gravação viesse a ser pública na defesa dos interesses do Sporting e dos seus sócios. Não vejo o desporto assim."


Com tudo isto veio a era negra do Benfica, e os adeptos do Sporting iam absorvendo as cantigas que Pinto da Costa engendrava para prejudicar o clube da Luz. E no início dos anos 00 o Sporting ganha aquele que seria o seu último título de Campeão Nacional no futebol. A partir daí, a decadência começou. Perderam identidade... Ganharam ódio ao Benfica, esquecendo a saudável rivalidade que existia. Passaram a proteger quem destruiu o seu clube.


A minha conclusão é simples portanto: Ou o modus operandi volta a ser o mesmo de 1980, naquela célebre final da Taça de Portugal, ou o Sporting vai desaparecer, nesta auto-destruição que a acontecer é mais que merecida pela mesquinhez que tem sido demonstrada por parte de todos os anti-benfiquistas.


Saudações Benfiquistas!

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